O ex-ministro de Articulação Política do presidente Michel Temer, Geddel Vieira Lima, preso na semana passada pela segunda vez por corrupção, pediu à justiça a sua transferência imediata para o regime de prisão domiciliária usando um argumento bastante inusitado para um político.
Geddel afirma que na Penitenciária da Papuda, em Brasília, onde já estão outros políticos e empresários presos pela operação anti-corrupção Lava Jato corre grave risco de ser violado e ser transformado em escravo sexual de algum criminoso perigoso.
Na sua petição, que já foi recusada pela juíza Leila Cury, que considerou o pedido um absurdo, Geddel alega que os líderes das facções que controlam as várias alas da Papuda decidiram atacar políticos e empresários presos por corrupção e transformá-los numa espécie de escravos sexuais.
O argumento do ex-ministro e homem-forte de Temer baseia-se numa suposta notícia difundida dias atrás por um site extremamente polémico e contestado.
Nessa suposta reportagem, o site afirma que líderes de facções criminosas transformaram políticos presos naquela penitenciária em escravos, tanto para lhes fazerem os serviços domésticos, como lavar roupas e varrer as celas e os satisfazerem sexualmente. Para a juíza Leila Cury, no entanto, essa polémica reportagem não tem qualquer veracidade e está a ser usada por Geddel de forma ardilosa, para voltar a ficar preso no seu elegante apartamento em Salvador da Bahia, onde já cumpria medida restritiva.
De acordo com a magistrada, não há qualquer registo de ao menos tentativa de assédio, muito menos abuso ou violação sexual de qualquer político ou empresário enviado nos últimos anos para a Penitenciária da Papuda, onde já estiveram famosos como o ex-ministro-chefe de Lula da Silva, José Dirceu, e diversos outros ligados tanto aos governos de Lula e de Dilma Rousseff quanto ao atual, de Michel Temer.
Não há, de acordo com a juíza, nenhum indício de que a ameaça dos líderes da fação realmente tenha sido feita, e, além do mais, os presos da Lava Jato ficam numa ala separada dos presos comuns, com segurança reforçada, e nunca houve qualquer denúncia de abuso, seja de que tipo for contra eles.
Geddel Vieira Lima, cujo nome é conotado a escândalos de corrupção desde os anos 80, foi forçado a deixar o governo após denúncias de que usava o cargo de ministro para obter benefícios pessoais ilícitos e facilitar o recebimento de “luvas” pelo próprio presidente. Enviado dias depois para cumprir prisão domiciliária em Salvador, Geddel voltou a ser preso e levado para a Penitenciária da Papuda na semana passada depois de a Polícia Federal ter descoberto 13,7 milhões de euros em dinheiro vivo que o ex-ministro escondia em outro apartamento daquela cidade dentro de malas e caixas de papelão
CM